quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008



FAVELA


A Senzala fugiu da Casa-Grande,
ganhou as avenidas
e subiu nos morros.

Em suas ruas estreitas,
rostos suados e pernas bem-feitas...
Todos correm apressados.

Em cada casebre,
velhos rugosos e rostos imberbes
procuram, dia a dia, ganhar o pão e o chão.

Nem sol, nem chuva nem a lei da gravidade
abalam a firme estrutura desta pseudocidade.

Mil novos Quilombos se erguem aos tombos
na chamada civilização, com rios de asfalto
e palmeiras de plástico, sem cor nem umidade:
São Palmares de verdade !

A Senzala mudou de nome;
batizaram-na Favela que por nós vela,
do alto do morro.

Tornou-se Casa-Grande e todos nós, restantes
nos transformamos na Senzala da Cidade Grande.



Marcelo Lopes

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